segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Escotofobia

Tento me equilibrar
As pernas titubeiam
Ouço a voz distante
O assobio que vem de dentro.
Assombro que desperta medo
Medo que exprime calafrio
Arrepio dorsal e de avantesma
Temor colossal que horripila.
Dia qualquer em quaresma
Noite quente e alma gélida
Apago o candelabro de prata
Breu; úmido soturno que maltrata.
Enfim a luz em feixes retorna
É o dia com esplendor e glória
O assombro se vai agora
Mas deixa cunhado que logo retorna.

Os poetas

Os poetas são verdadeiros sofredores!
Afinal, quem se mete em poesia sem ter um dia sofrido?
São seres extremamente sensíveis
E ao mesmo tempo indecisos e indecifráveis.
São pessoas que amam ao extremo
Mas que, porventura, sempre se traem.
Se traem porque não se revestem de frieza
Sucumbem a qualquer fécula de beleza
Apaixonam-se com total franqueza
Depois se perdem no labiríntico mundo das palavras
Para tentar explicar o mal e o bem do amor.
São seres longe de serem imaculados
São pessoas que lutam pelo regozijo
Mas cedem à dor do sofrível passado.
Mas o que seria da vida sem poesia?
O que seria dos poetas sem a apatia?
Seria uma vida sem discutir o amor
Seria o amor sem a vida e sem o rumor
Sem a forma de verso e prosa
Sem o acalanto de joguetes de versículos
No passar lento do dia-a-dia.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

É nos teus olhos

É nos teus olhos que quero descobrir a vida
É nos teus olhos que quero perder meu juízo
É nos teus olhos que quero encontrar o brilho
É nos teus olhos que quero doar-me a aprazia.
É nos teus olhos que verei refletir o amor
É nos teus olhos que me refugio da angústia
É nos teus olhos que acharei o imprevisível
É nos teus olhos que serei um menino.
É nos teus olhos onde quero estar
É nos teus olhos onde preciso estar
É nos teus olhos onde dormirei tranqüilo
É nos teus olhos onde farei o meu ninho.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sublime amor

Me faça ser grato de viver
Me faça sentir o amor outra vez
Arrebata-me para longe daqui
E me ensina outra forma de sorrir.

Cause em mim enorme alegria
Tire de mim com beijos a agonia
Lute por mim com todas as armas
Faça de meus braços a sua armada.

Lança teus olhos em direção aos meus
Faça de mim um nobre plebeu
Cative meus sonhos na redoma dos teus
Conte para mim seus versos em ateneu.

Me pegue com carinho em seu colo
Me conte entre sorrisos seus sonhos
Me beije com voraz encanto
E faça de mim seu homem.

Renascer do dia

Desabrochar lento de pétala
Veios de chuva correndo em calha
Gotícula pura de orvalho
Cheiro de mato molhado.
Deixamos passar sem perceber
As coisas comuns de cada novo amanhecer.
Não devemos deixar o tempo passar
Mas sim maravilharmos com cada nova revoada
Com o balançar de galhos emurchecidos
Ou sentir a brisa leve a soprar no ouvido.
E apreciar de novo o desabrochar
Depois da chuva na calha
E do vaporoso orvalho no ar.

Mudança

Enfim, casa nova
Mudança de novo na minha vida
Não é bem uma mudança de vida
Mas que algo muda, ah, isso muda
Sete vezes mudei de casa
Sete esperanças se renovando a cada canto
E o engraçado, me mudei no dia sete
Para um apartamento de número sete
Localizado no sétimo andar
De um edifício de número cento e sete.
Novos vizinhos e regras a serem cumpridas
Novas metas de rumo e estratégias de vida
Sete, dezessete, setenta e sete coisas mudaram nesses tempos
Mas a minha essência não mudou
E essa nunca mudará por nada nem ninguém.
Pois por mais que eu mude em muito
De casa, de cidade, de condomínio
A minha cara, a minha barriga
Meus cabelos que caem e as coisas no mundo
Nunca mudarei quem sou
Enfim, casa nova
Mas a mesma essência, o mesmo amor.

Vida Liliputi

Eu ando sozinho
Porque sozinho quero estar.
Eu bebo do vinho
Porque quero me embriagar.
Eu passo frio
Porque não tenho quem me agasalhar.
Eu falo baixinho
Porque não tem ninguém para me escutar.
Eu amo sozinho
Porque não deixo de amar.

Apenas vivendo

Sinto como se uma força estranha tivesse me sugado
Uma fraqueza terrível abate meu corpo cansado
Mal de amor, seria o que me acomete?
Talvez fosse apenas uma mera desilusão
Ou seria a mente já cansada desse longo embate?
Não sei: simplesmente não sei o que dizer!
As palavras me fogem à boca como refugo
Os pensamentos, deveras longínquos, subsumem
Os sentimentos, antes aflorados, agora sucumbem
Data vênia, o que não me queda me apraz
Diante desta situação de guerra voraz.
Vejo os laços da vida se esvaecendo em cacos
Espalhados pelo chão como limbos escassos.
E assim vivemos: reconstruir, reagrupar, recomeçar...
Entre sorte e revés vamos nos precipitar à vida
Carregando nos ombros uma carga deveras pesada
Imbuídos de uma coragem quotidiana descomunal
Nesse círculo vicioso buscando apenas uma saída.

Solidão

Esse dia parece que não vai ter fim
Os olhos já estão inchados e vermelhos
O corpo não responde mais devido o cansaço
Sinto a fraqueza roendo meus ossos como hienas
Devorando qualquer sombra de lucidez
A respiração que antes ofegava
Agora se torna escassa em intermitentes soluços
Com o pouco de força que ainda tinha
Olhou ao redor procurando um abrigo
Mas não viu nada ao seu lado
Não havia sequer uma alma por ali
Era somente ele consigo mesmo
Sua dor, sua solidão, seus pesadelos
Solidão no ar, solidão no peito

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quando estou sozinho

Quando estou sozinho
Sinto minha respiração em todos os tons
E isso é bom, porque me faz pensar.
Quando estou sozinho
Demoro a me entregar ao sono
E isso é bom, porque me faz pensar.
Quando estou sozinho
Costumo divagar acordado em sonhos
E isso é bom, porque me faz pensar.
Quando estou sozinho
Sinto-me muito estranho, e isso não é bom
Acho que de tanto pensar, pensar...
Quando estou sozinho
De tanto ponderar enfim concluo
Que sozinho eu não quero mais estar.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dãnnnnn

Se você quer sorrir, é com o Patati...
Se você quer brincar, é com o Patatá...
Se você quer sorrir, brincar...
Patati Patatá.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O esconderijo perfeito

Subitamente me sinto novamente corrompido
A mesma coisa retorna do poço escuro
E sussurra em meu ouvido.

É a angústia de algo que foi perdido
Uma inocência levada a passos largos
Para um canto qualquer no destino.

Absorto em meus pensamentos
Declamo aos ventos o que não sinto
Para tentar dissimular meu sofrimento.

Quisera poder ter o desplante de poder falar
Ou quem sabe também poder cantar
Minha dor dilacerante no peito.

Deixar quedar esta máscara fraca
Que disfarça o elevado medo
De me entregar novamente ao desejo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Seu casamento

Não sou eu quem vai te levar pro altar
Não são meus votos de amor que vão lhe fazer chorar
Enquanto ali, no sagrado lar de Deus
O santo Padre sacramentar o enlace teu.

Queria ser o altivo e sublime amado
No púlpito por anjos vigiado a chorar
Deslumbrado com tamanha beleza cativada
No seu lindo rosto com adornos enfeitado.

Não foi assim que o santíssimo quis ser
Não foi isso que plantei para depois colher
Agora, à distância me silencio apenas comigo
E me debulho em lágrimas no quarto escondido.

Que todas as bênçãos lhe sejam madrinhas
Que todos os motivos de sorrir lhe apadrinhem
E que a felicidade esteja em seu lar
Mas que a lembrança de mim nunca lhe possa faltar.