terça-feira, 5 de julho de 2011

Caso ou compro uma bicicleta?

Refletindo sobre o que faço de minha vida
Se caso ou compro uma bicicleta
Se quero banho quente ou água fria?!
Defino que a indefinição me consome
Faz dos meus dias um fibrilar de dúvidas
Chaga de um signo ou de vida?
A sapiência da astúcia senil
Pode fazer com que eu alcance
O que mais procuro na vida.
Mas será que já não vai ser tarde?
Será que quando lá não mais apraz?
Sinto-me tonto só de pensar!
Dúvidas, dúvidas, dúvidas
(ou indubitável certeza do meu ser?)
Meros pensamentos aflitivos.
As dúvidas são consumidas com facilidade
Mas as certezas que tenho são distantes
Fogem em muito da minha realidade.
Acho que defini, ao menos que uma delas
Sobre se caso ou compro uma bicicleta
Caso! Com certeza com ela: a bicicleta.
Porque não me dirá nada a magoar
Me fará muito bem no pedalar
E se enjoar, me desfaço dela.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O amor que fica

Hoje meu sentimento me pregou uma peça
Falou pra mim, bem baixinho
Que a paixão estava indo embora.
Por pouco acreditei no que dizia
Mas depois, com olhos menos marejados
Olhei ao redor e vi que a casa ainda estava cheia.
Quando meu sentimento me disse: a paixão se foi!
Ele falava de um amor que em mim existia
Por uma pessoa, somente uma
E não dizia de tudo que havia.
Olhando ao redor vi minha casa cheia
Havia o amor de meus amigos
O amor de minha mãe e minha filha
O amor que tenho por minha vida
O amor próprio que jamais deixaria.
Por isso digo que meu sentimento me pregou uma peça
Porque não passava de um chiste o que ele dizia
Que a paixão estava indo embora
Mas o amor para sempre ficaria.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Abdução

Me ame agora, pois tenho pressa
Me ame agora, pois tenho fome
Assim como um reles moribundo
Sinto fome voraz de seu amor.

Me beije agora, pois tenho calor
Me beije agora, pois tenho sede
Sede de sua boca na minha
Do gosto bom de sua saliva.

Me tenha agora, pois tenho tudo
Me tenha agora, pois sou seu tudo
Sou a mão que afaga tua pele
Sou o ar do seu mundo.

Me deite agora, pois tenho sono
Me deite agora, pois tenho medo
De acordar bem no meio da noite
E ver que tudo foi um sonho bonito.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Só você

Só você
Tem esse jeitinho que me encanta.
Só você
Me surpreende cada vez que me olha.
Só você
Me deixa louco com seu cheiro.
Só você
Consegue parar o mundo com seu beijo.
Só você
Me fez ouvir sininhos
Só você
Zela por meu sono quando durmo.
Só você
Sabe se encaixar em meu corpo por inteiro.
Só você
Traz a verdadeira paz pro meu peito.
Só você
Sabe se calar quando é preciso
Só você
Fez no teu colo meu abrigo.
Só você
Dedica à nós dois o tempo certo.
Só você
Me acha herói por matar um inseto.
Só você
Ri das minhas piadas sem graça.
Só você
Me levanta enquanto choro.
Só você
Conhece meu ponto fraco.
Só você
Que desvenda os meus sonhos.
Continue você
Sendo para mim... só você.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um sopro

Quando pensei que não houvesse sequer um sopro de esperança
Veio a vida e me deu uma linda filha sorrindo.
Quando achei que a insônia iria me arrebatar
Veio do nada e de mansinho o sono pra me fazer dormir.
Entregamos-nos, por vezes, ao pensamento ruim
E não olhamos ao redor que as coisas se fazem por si só.
Façamos da vida o valor de dádiva que tem
E defendamos o nosso dom maior que é viver
Porque quando acharmos que não há mais esperança
A promessa vem, se materializa e nos faz sorrir.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Alegria, alegria

O que achas de celebrar a alegria?
Quando criança, não era o que fazíamos?
Era, e como era alegria!
Riscávamos o chão, usávamos fantasias
Pipa? Graveto de bambu, cola e papel
Primeiras aulas de engenharia!
Ah, pueril inocência
Que saudades tenho desta fase
Recortes de papel, Atari.
Aniversário era correria pura
Em volta da mesa dos adultos
E aquilo para eles não era insulto
Era expressão de alegria
Da prole que se divertia.
Nas tardes chuvosas ou frias
O suco de caju com tiras de mentira
Açucaradas com canela salpicada
Para saciar a fome esquecida.
Sim, fui feliz como criança!
Hoje sou feliz porque como homem
Crescido, adulto, pai de família
Jamais abandonei o menino magrelo que fui
E me deixo levar pelos pensamentos
Como o Pequeno Príncipe fazia.

terça-feira, 29 de março de 2011

Legados de amor

Os legados desse amor
Ao que vejo; filhos tristonhos
Arrimo, chão de cimento, teto em zinco
Ao que do pó veio, não mais irá: divida!

Legados de prateleiras divididas
Armários vazios
Ou quem sabe cheio de espaço
Depende de quem vê!

Cama agora enorme; espaço.
Perfume que passa pro nada
Aquele prato, não pede mais
Despensa vazia; empoeirada!

Legados de utensílios meus
De utensílios seus
O que tu levas
O que me resta.

Repouso nada sossegado
Procura indivisa de abrigo
Nova casa, novos rumos
Guardar as coisas, tomar um prumo!

Legados, oh legados de amor
Antes regalos constituídos de histórias
Agora legados divisórios
Repartidos na partida, na dor.

É o que se leva no fim
Ou seria o que se deixa no fim?
Aqui, pouco importa a ordem
Legados existem, não no começo; no fim!

quinta-feira, 24 de março de 2011

É assim que me lembro de você

É assim que me lembro de você
Não com o olhar marejado de dor
Mas com sorriso franco e fulgoroso.

É assim que me lembro de você
Não com o corpo cansado de lutar
Mas com voraz vigor de juventude.

É assim que me lembro de você
Não com carranca de ódio na face
Mas sim com semblante sereno e feliz.

É assim que me lembro de você
Não subjugando nem ultrajando
E sim companheiramente me admirando.

É assim que me lembro de você
Não com a imagem curva da partida
Mas de cada vez que chegavas altiva.

É assim que me lembro de você
Não me causando ódio ou dor
Mas me ensinando dia-a-dia o amor!

Breve encontro

Estranho, mas foi assim bem simples.
O que era pra ser um encontro de desconhecidos
Culminou em duas pessoas de gostos idênticos
Que parecia até que já se conheciam.

Congruência quase plena no que gosta ou odeia
Falando de música, de viagens
Sobre o que bebe, o que sonha
Enfim, a citada harmonia.

Isso foi apenas o start necessário
Para em segundo os olhares cruzarem
Os olhos fitarem os lábios com sede
Como se ali algo já conhecido renascesse.

Ensinamentos profanos de fumaça
Dentre histórias relembradas
De 1001 livros e canções populares
Até mesmo daquela nova cachaça.

Mas dentre tudo, o que digo é que foi bom!
Perder-me ao menos que por minutos
Dentro de seus olhos lindos e puros
Que refletiam a minha sombra lá no fundo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vinde vide

Deletérios verbais desusados
Aptos de enlouquecer quem entende
Assim é o verbo, meu amigo!

Posso escrever em linhas dionisíacas
Ou mesmo na toada apolínea
Pouco importa: o conteúdo é que vale!

Poderia discorrer sobre o afago
Das mãos leves e vorazes
Que de fogo arde.

Quiçá poderia escrever dos dilemas
Apotegmas e incertezas
Das mentes inebriadas de viver.

Contudo poderia ser egoísta em estampar
Um belo sorriso desenhado e desdenhado
Enquanto sigo altivo solitário.

Dilemas, oh malditos dilemas!
Que nos fazem amor e ódio
Egoístas e altruístas ensilemos.

Enfim: gira o universo das frases e expressões!
Dionisíaco, apolíneo ou não
Vida e morte. Multidão e solidão.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Marri ô

Garota, não faça isso
Não brinque assim comigo
Como se eu fosse um menino.

Você veio alviçareira
Toda serelepe e sorrateira
Trazendo nos olhos um brilho.

Veio do sul, ah isso eu sei: é do sul!
Com seu sotaque carregado
Mas sempre tão gostoso de ser escutado.

Sua pele, que de longe se estampa
Traz consigo suaves pintas e manchas
Personalizando a sua beleza.

Cabelos mesclados em fios loiros e escuros
Cheiro suave, inebriante: perfume profundo
Capaz de aquecer o mais sombrio e soturno.

Enfim, essa é você, menina do sul
Com seus “erres” carregado e beijo suado
Que em seu colo me faz sossegado.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cavo, oco, vazio...

Não sei bem quando foi
Só sei que passou.
Ou será que se foi?
Ainda não sei!
Era um coração ávido
Cheio de luz e amor
Mas por dores e dores repetidas
Ofensas não engolidas
O que era amor virou rancor.
De onde tantos amores partiram
Foi-se criando um buraco
Que por vezes foi preenchido
Mas novamente foi cavado.
Onde havia tudo de bom
Aos poucos foi virando amargura
Agora, quando me perguntas se amo
Sequer compreendo a questio.
Isso não foi culpa minha
Foi culpa sua. Claro, toda sua!
Que partiu e me deixou assim
Com um vazio no peito
Vagando viúvo pela rua.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Desilusão

Minha cabeça cheia de tudo
Repouso os olhos no futuro
Tento enxergar um clarão divinal
Mas a retina turva pela dor diz-me não.

Aquele ombro amigo jaza distante
Aquela voz bem fina e feminina
De longe já não se faz presente
Como que se tivesse desfalecido.

Procuro colo nas forças inebriantes
Ao menos é bom porque o tempo
Que outrora galopante e impiedoso
Agora se torna pangaroso errante.

Só me resta fechar os olhos outra vez
Esperar na esperança uma voz
Capaz de levantar meu brio
E me tornar amado e luminoso.