segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bellum amor

Palavras mal escolhidas
Intempéries assaz rompidas
Sensatez que passa ao largo
Em tudo isso o caos é exato.

Como bem dizia Aristóteles
O sábio nunca diz tudo que pensa
Mas pensa em tudo que diz
E assim, certamente eu não fiz!

Tempos de guerra entre amados
Guerra selada sem soldados
A língua afiada é a arma mais potente
Que fere o peito de forma contundente.

Desfira o último golpe com mais uma palavra
Encerre a questão, destrua a armada
E mais uma vez veja para longe partir
A quem tu tanto querias bem perto de ti.

domingo, 18 de abril de 2010

Retórica

Não me acuses por errar
Me acuse somente quando meu erro
Não for sucedido por súplica de perdão.

Não queiras mais me machucar
Pois não admito novamente sequer
Que afrontem dolorosamente meu coração.

Por fim, não digas mais adeus
Porque se chegastes ao ponto de partir
É porque desejas desposar-te com a solidão.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Maternidade

Você mudou!
Dá pra notar na sua cara
Que você mudou.
Não digo tão somente do seu corpo
Ou quem sabe do inchaço que isso causa
Mas seu semblante mudou.
E, com certeza, mudou para melhor
Você sabe bem disso!
Mudou porque daqui por diante
Você não será mais só.
Mudou porque você virou de status
Que antes era de filha
Para ser agora mamãe.
É estranho, eu imagino!
Conceber que dentro de você existe vida
Existe um ser tão frágil...
Ah, mas como é belo
Imaginar a cada instante
Como será o rostinho, os dedos...
Enfim, antes onde era só mulher madura
Agora é uma mulher matrona
Que inicia sua prole de boa ventura
Abandonando seu ar de criança
Para ninar em seus braços, seu filho
Sua semente ao mundo em esperança.


(homenagem à todas as mulheres... mães!!!)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ideal

Vem de lá toda serelepe
Caminhar contente
Olhar soberbo.

Moça de sorriso aberto
Pele tecida em seda
E contorno esbelto.

Não cativa porque quer
É natural feitiço
De rainha, de mulher.

Majestosa alegria
Dona de inigualável beleza
Que semeia sem avareza.

Quisera poder tocá-la
Quem sabe até levá-la
Para meu humilde lar.

Desposá-la em leito fogoso
Enquanto observo em ti
O amor num olhar jocoso.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Cavo, oco, vago

Não sei bem quando foi
Só sei que passou.
Ou será que se foi?
Ainda não sei!
Era um coração ávido
Cheio de luz e amor
Mas por dores e dores repetidas
Ofensas não engolidas
O que era amor virou rancor.
De onde tantos amores partiram
Foi-se criando um buraco
Que por vezes foi preenchido
Mas novamente foi cavado.
Onde havia tudo de bom
Aos poucos foi virando amargura
Agora, quando me perguntas se amo
Sequer compreendo a questio.
Isso não foi culpa minha

Foi culpa sua. Claro, toda sua!

Que partiu e me deixou assim
Com um vazio no peito
Vagando viúvo pela rua.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sempre rir

Como se não bastasse para mim
Quero esta felicidade para ti
Assim como abro meu semblante
Quero em ti um sorriso radiante.

Não é difícil, pode tentar
Jogue de leve seu rosto pro lado
Deixe aparecer sua arcada
E solte uma doce gargalhada.

Não é difícil, pode tentar!

Eu tentei e consegui
Esse aí do seu lado também alcançou
Então se deixe levar e agradeça a vida
E sorria, simplesmente sorria: basta tentar!

domingo, 4 de abril de 2010

El rey

Eu vi esse cara sozinho
Andando sobre os trilhos
Eu lhe mostrei o coração dos corações
O meu imo que por medo não revelo.

Suas ternas palavras, seu rosto meigo
Trouxeram-me de volta ao lado mais forte
Algo aconteceu naquele dia
O peso tornou-se como pluma.

Vi sua alma distraída
Alguns poucos traços de agonia
Não se encubra pequeno anjo
Seu coração está em boas mãos.

Eu nunca irei completamente embora
Minha alma estará em teu afago
Juntos iremos resistir
Eu sempre esperarei em você.

(Texto co-produzido por Isabella)

Essa terra

É nessa terra tão quente, é nesse chão que criei
Onde nasce ao meu lado a força de quem me fez.
Não sou comum ao destino, nem sou um fino rubi
Eu sou de carne e osso como qualquer um dali.
De pé em pé vou levando a minha vida de cão
Vou dando todo o meu sangue na minha luta por pão.
O pão nosso de cada dia às vezes é amargo como fel
Mas diz que graça teria se fosse fácil viver?
Seria apenas mais um dia vivido de cada vez!
Eu vejo ao meu redor diversos monstros azuis
São frutos de imaginação criados de sombra e luz.
Bendita terra querida, por que me faz mal assim?
Se tudo que mais queria era ser filho de ti
Esse castigo seu moço, eu acho que sei por quê
É fruto de um amargo que não sabe dizer amém.